terça-feira, 16 de setembro de 2008

Linha Porto-Vigo em alta velocidade ferroviária

O Presidente da Direcção da AIMMAP abordou esta importante questão no editorial da última edição da “TecnoMetal”.

Sendo certo que a matéria em causa se assume da maior importância para um conjunto significativo de empresas e cidadãos, transcreve-se neste blogue o referido editorial.

Entretanto, sublinha-se que, no texto em causa, o Presidente da Direcção da AIMMAP faz referência ao facto de a FELUGA não ter recebido qualquer resposta do Governo português a um pedido de esclarecimento que aquela lhe endereçara sobre essa matéria.

No momento em que o texto foi escrito essa ausência de resposta era uma realidade. Sucede no entanto que, já depois de a revista ter sido enviada para impressão, a FELUGA acabou por receber o solicitado esclarecimento por parte da administração da RAVE.

Assim sendo, para melhor esclarecimento de todos, edita-se neste blogue a carta enviada à FELUGA pela administração da RAVE, a qual poderá ser encontrada como comentário a este post.

"Alta velocidade ferroviária

Desde há alguns anos que os nossos Governos têm vindo a defender como prioritária a construção em Portugal de uma rede de alta velocidade ferroviária.
Parecia assente para todos que esse seria um projecto da maior importância para o país.
Não obstante, foi persistindo a habitual indecisão portuguesa no que concerne aos termos em que o projecto seria levado a efeito.
As questões relacionadas com a construção da linha Porto-Vigo são verdadeiramente paradigmáticas a esse propósito. Ora, não seria para integrar no projecto, ora seria das mais importantes, ora deveria ter mais paragens, ora não deveria ter paragens nenhumas.
A AIMMAP e fundamentalmente a FELUGA têm acompanhado com elevada expectativa essa questão, até porque, no seu entendimento, a construção da linha em causa assume-se como da maior relevância para a coesão e o desenvolvimento do espaço económico do noroeste peninsular.
Nesse sentido, ainda muito recentemente, a FELUGA solicitou às autoridades portuguesas o ponto de situação a esse respeito. Muito concretamente, questionou o governo português a propósito do que pretende nesse âmbito.
Até ao momento não foi obtida nenhuma resposta concreta, o que deve sublinhar-se não ser para nós muito surpreendente.
Mas não podemos deixar de confessar a nossa perplexidade pelos últimos desenvolvimentos que o assunto está a sofrer. E já não no que se refere especificamente à linha Porto-Vigo, mas sim relativamente à própria execução do projecto no seu todo.
De facto, é a construção da própria rede que começa a ser questionada por diversos responsáveis políticos portugueses.
Mais do que o continuar dos ziguezagues, parece que se quer virar o bico ao prego.
Esta aparente inflexão gera a maior estupefacção. Quando um projecto destes começa a ser questionado de forma tão imprevista e com tão grande veemência por alguns que ainda há pouco o defendiam, só nos resta uma de três conclusões possíveis: ou o projecto nunca foi sentido como verdadeiramente estratégico, ou ocorreu entretanto algo de muito grave que impõe que o mesmo seja descartado, ou, uma vez mais, estamos a submeter as prioridades da economia às tácticas eleitoralistas e/ou aos clientelismos.
A primeira hipótese é inaceitável num regime democrático governado por pessoas responsáveis. E a segunda afigura-se como totalmente inconcebível face ao que é conhecido, até porque o que nos tem sido apregoado é que a situação económica do país tem vindo a melhorar.
Pelo que ficamos aparentemente limitados à última das três alternativas. Ou seja, que se pretende desistir do projecto de forma leviana e demagógica, porque eventualmente o mesmo deixou de ser popular aos olhos dos eleitores e/ou atractivo para os interesses de alguns grupos económicos do regime.
Enquanto Presidente da Direcção da AIMMAP não posso deixar de denunciar esta subtil tentativa de nos enganarem. E espero sinceramente que os agentes económicos não pactuem com estas manobras.
Se o poder político pretende desistir do projecto, vai ter de nos explicar muito bem porque razão é hoje descartável o que ontem era prioritário.
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"