quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Entrevista a António Saraiva

António Saraiva, ainda no exercício do cargo de Presidente da Direcção da AIMMAP, concedeu uma derradeira entrevista à revista “TecnoMetal”, publicada na edição n.º 185.

Tendo em conta a importância e o simbolismo da entrevista, publica-se nas linhas subsequentes o respectivo texto, na sua íntegra.

"TECNOMETAL ENTREVISTA ANTÓNIO SARAIVA, PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA AIMMAP

TM: Num momento em que se prepara para assumir o cargo de Presidente da Direcção da CIP, que balanço faz de 6 anos como Presidente da Direcção da AIMMAP?
AS: Sem falsas modéstias e com toda a humildade de quem entende que é sempre possível fazer-se melhor, faço um balanço altamente positivo. Do ponto de vista interno, a AIMMAP está hoje totalmente equilibrada a todos os níveis. Não só em termos organizacionais e administrativos como também no domínio económico e financeiro.Por outro lado, existe um reconhecimento claro por parte dos associados de que a AIMMAP tem defendido os seus interesses de uma forma eficaz e assertiva. Recebo permanentemente indicações dos próprios sócios nesse sentido. Alargámos e aperfeiçoámos o leque dos nossos serviços, melhorámos significativamente a nossa capacidade de comunicação e evoluímos substancialmente na qualidade das nossas intervenções. A AIMMAP é hoje encarada por todos os agentes como uma entidade altamente dinâmica e competente. Devo aliás sublinhar que entendo que o convite que insistentemente me foi formulado no sentido de me candidatar a Presidente da CIP é também de algum modo o reflexo do excelente trabalho de toda uma equipa que tive o privilégio de liderar na AIMMAP.Actualmente, a AIMMAP é uma associação forte que sabe muito bem o que quer. E estou totalmente seguro de que a respectiva Presidência ficará muitíssimo bem entregue, com a assunção de tal cargo pelo meu colega de Direcção e Amigo Aníbal Campos, um industrial de referência no sector e um grande conhecedor do associativismo.

TM: Em seu entendimento, quais as principais marcas dos seus mandatos como Presidente da Direcção da AIMMAP?
AS
: Avaliações em causa própria são sempre muito discutíveis. Não sei se são marcas, mas tenho pelo menos um grande orgulho em ter contribuído nos meus mandatos para o cumprimento de resultados importantes.O primeiro ponto nesse âmbito é para mim a disseminação e a consolidação de uma estratégia para o sector que é hoje reconhecida aos mais diversos níveis. Apostámos decisivamente na mensagem de que as empresas deste sector devem investir na excelência e na diferenciação. Estou certo de que com essa aposta ajudámos a mudar o paradigma do sector, o qual é hoje reconhecido como decisivo para o futuro da indústria portuguesa.Quanto a trabalhos efectuados, há muitos pontos que gostaria de sublinhar. Para além da reestruturação e do saneamento financeiro da associação, que foi tarefa da maior importância.Constituímos a FELUGA, entidade que agrega as empresas metalúrgicas e metalomecânicas de Portugal e da Galiza e que vai paulatinamente desenvolvendo o seu caminho em prol do sector.Assumimos a Presidência da CERTIF, contribuindo activamente para que a mesma seja hoje uma marca de referência na certificação em Portugal, tendo inclusivamente ampliado o seu âmbito de actividade.Somos um dos principais promotores do PRODUTECH, o pólo tecnológico dos produtores de bens de equipamentos. Aliás fomos sócios fundadores da associação com o mesmo nome que tem a incumbência de gerir o referido pólo – a qual tem a sua sede nas instalações da AIMMAP. Ajudámos directamente centenas de empresas do sector nos seus processos de internacionalização, nomeadamente através da apresentação de sucessivos projectos de financiamento aos diversos quadros comunitários de apoio.Na área da propriedade industrial, promovemos o GAPI que melhores resultados obteve. Conseguimos finalmente a concretização de um objectivo de décadas, através da caducidade dos contratos colectivos de trabalho totalmente desactualizados com que as nossas empresas tinham de confrontar-se na gestão dos seus recursos humanos.Temos uma intervenção mais activa no CATIM, o qual por seu turno revela uma crescente excelência.Conduzimos a que a AIMMAP tivesse uma intervenção crescente na CIP.Cumprimos um objectivo também muito antigo, tendo dinamizado a actividade de todas as Divisões da AIMMAP, as quais são actualmente a verdadeira alma da associação, conforme aliás era nosso desejo.Reformulámos totalmente o nosso boletim informativo “Metal”, o qual convertemos num verdadeiro jornal, com muito maior difusão e conteúdos muito mais ricos.Reestruturámos igualmente a revista “TecnoMetal”, melhorando significativamente a sua qualidade aos mais diversos níveis.Criámos um novo site e dois blogues. E passámos a assegurar uma presença constante na comunicação social, através de artigos de opinião, reportagens ou entrevistas aos responsáveis da associação.Julgo que as iniciativas levadas a efeito no âmbito do programa de comemorações do 50º aniversário da AIMMAP foram também altamente marcantes. Dignificámos de forma especial a associação e o próprio sector. E também a comemoração do 30º aniversário da “TecnoMetal” foi um momento simbólico de grande relevância.Ainda neste momento preciso, há duas iniciativas em curso que me parecem da maior importância. A primeira delas é a realização de um estudo global sobre o sector metalúrgico e metalomecânico, o qual está já em curso e terá consequências muito importantes no sentido de uma maior afirmação do sector no contexto da economia e da sociedade civil portuguesas. A segunda, consubstancia-se no sucesso dos nossos esforços tendo em vista a salvação da actividade desenvolvida pela AFTEM no domínio do ensino tecnológico. Em articulação com a ANEMM e o próprio Estado português, criámos as condições para que as escolas tecnológicas da AFTEM possam ser absorvidas pelo CENFIM.Estes são, entre muitos outros, alguns pontos fortes destes dois mandatos. Devo no entanto sublinhar que aquilo que maior satisfação me deu foram claramente as causas em que nos envolvemos permanentemente em defesa dos interesses do sector e das nossas empresas. Umas vezes com mais sucesso, outras com resultados menos visíveis, o saldo foi quase sempre muito positivo. E foi seguramente esse bom trabalho que conduziu a que a AIMMAP seja hoje encarada como uma associação de referência.

TM: Entende que terá ficado alguma coisa por fazer, naquilo que eram os seus principais objectivos na AIMMAP?
AS: Quando se deixa um cargo, julgo que se fica sempre com a noção de que num momento ou noutro se poderia ter feito mais. Independentemente desse tipo de reflexões e de considerar que o saldo é muito positivo, vou ficar com uma mágoa, que é a de não ter sido possível que o associativismo neste sector tenha passado a falar a uma só voz. Gostaria de ter contribuído para a fusão entre a AIMMAP e a ANEMM. Infelizmente, nesse domínio não conseguimos concretizar os nossos objectivos. Continuo no entanto convencido de que isso será uma inevitabilidade.

TM: Como está actualmente o sector metalúrgico e metalomecânico?
AS: Este sector é muito heterogéneo, sendo por isso muito difícil fazer um diagnóstico global objectivo. Há subsectores em melhor situação do que outros.Em todo o caso, independentemente das diferenças e especificidades de cada subsector, penso ser pacífico o entendimento de que o sector, na sua generalidade, se pauta cada vez mais por critérios de excelência. É criador líquido de emprego, contribui de forma decisiva para as exportações nacionais e continua a gerar investimento. Assim sendo, criando postos de trabalho e gerando riqueza, penso que é um sector que deve ser reconhecido e acarinhado.

TM: Com que estado de espírito encara a sua previsível eleição para o cargo de Presidente da Direcção da CIP?
AS: Com o entusiasmo de quem se propõe tentar mudar as coisas para melhor e com o sentido de responsabilidade que o cargo impõe. Não estava nas minhas expectativas ser Presidente da CIP. E devo confessar que resisti insistentemente ao desafio que me foi feito nesse sentido.Porém, agora que a candidatura está concretizada, irei procurar contribuir para dignificar o associativismo, a indústria, as empresas, os empresários e o país.

TM: Como espera que esteja a CIP daqui a 3 anos?
AS: Desejo e espero que esteja mais forte, mais coesa e mais interventiva a todos os níveis.Tenho como objectivo imediato a criação de condições para que as associações que ainda não estão filiadas na CIP o venham a estar muito em breve.A CIP é uma instituição de referência em Portugal. O país, a democracia e a economia de mercado devem-lhe muito. Pelo que é importante que isso seja permanentemente sublinhado.Em termos práticos, procuraremos que daqui a 3 anos a CIP tenha mais associados, tenha mais receitas que lhe permitam fazer mais e melhor, comunique melhor com o exterior e seja respeitada pela sociedade civil como uma instituição que luta empenhadamente pelas causas que adopta.

TM: Quanto à reorganização do movimento associativo empresarial de que tanto se fala, quais serão as prioridades do seu mandato na CIP?
AS: Entendo que a CIP é a legítima representante da indústria e que esse é um pressuposto de que não poderemos abdicar. O nosso objectivo será o de atrair mais associações para o interior da CIP. E essa será assim a matriz da reorganização associativa no que se refere à indústria.Em termos mais globais, procuraremos conseguir uma maior articulação com as restantes Confederações. Com efeito, há matérias com um cariz estratégico para o país que não podem nem devem ser assumidas isoladamente por cada Confederação. Pelo contrário, entendo que devem ser sustentadas a uma só voz por todo o movimento associativismo patronal. São os casos, nomeadamente, da Justiça, da Legislação Laboral, da Fiscalidade ou da Energia.Nessas matérias terá de ser potenciada a tal voz única patronal. Só assim poderemos ser assertivos na defesa das nossas causas comuns.Como forma de materializar esse voz única, já defendi publicamente a eventual criação de um Agrupamento Complementar de Empresas – ou de uma estrutura idêntica -, que agregue todas as Confederações em pé de igualdade.É uma ideia que estamos ainda a avaliar com rigor. Mas o modelo jurídico não é por si só importante. O que conta verdadeiramente é a substância. E quanto a isso temos ideias muito claras."

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Balanço e agradecimento

No editorial da edição n.º 185 da revista “TecnoMetal”, António Saraiva fez um balanço da evolução da revista ao longo dos anos em que assumiu o cargo de Presidente da Direcção da AIMMAP e de Director da publicação em causa.

Para além disso, António Saraiva fez questão de manifestar o seu reconhecimento aos sócios e aos colaboradores da AIMMAP pelo apoio que sempre lhe concederam.

Nas linhas subsequentes deste blogue insere-se o texto correspondente ao editorial em causa.

"Uma palavra de reconhecimento

Enquanto Presidente da Direcção da AIMMAP ao longo destes últimos quase seis anos tive a honra de assumir também a responsabilidade pela Direcção desta revista.
Foi para mim um privilégio ter o meu nome associado a uma revista que é verdadeiramente uma referência de qualidade e excelência no respectivo segmento editorial.
E foi igualmente um gosto muito grande o de, durante este período em que fui Director da revista, ter ajudado a “Tecnometal” a assumir novos desafios que a engrandeceram ainda mais.
Ao longo destes meus mandatos, a “Tecnometal” teve a capacidade de evoluir de uma forma simultaneamente tranquila e significativa.
Foi criado um Conselho Técnico e Científico com o objectivo de ajudar a enriquecer os conteúdos e de potenciar a inovação. Reformulou-se e melhorou-se a imagem e a estética. Foram modificados os traços editoriais de uma forma que mereceu a adesão plena dos leitores. Criou-se um blogue específico da “Tecnometal”. Levou-se a efeito uma sessão comemorativa do 30º aniversário. Foi criado o “Prémio Tecnometal” no intuito de honrar os melhores artigos. E fundamentalmente conseguiu salvaguardar-se e consolidar-se a liderança no respectivo segmento de mercado.
Tudo isto foi feito com uma gestão económica e financeira equilibrada, tendo sido aliás criadas as condições necessárias para que a exploração da “Tecnometal” não seja causa de constrangimentos para as contas da AIMMAP.
Irei agora assumir um novo desafio, ao assumir as funções de Presidente da Direcção da CIP.
O exercício de tal cargo é naturalmente incompatível com a Presidência da Direcção da AIMMAP e a Direcção da “Tecnometal”.
Este será pois o meu último editorial nesta revista. Pelo que quero agradecer a todos os colaboradores da “Tecnometal” e muito particularmente ao seu Director Técnico-Científico, Hermenegildo Pereira, o empenho e a competência com que ajudaram a recriar e fazer evoluir esta revista. Quero agradecer também a todos os leitores a atenção com que sempre nos brindaram. E quero acima de tudo agradecer às empresas filiadas na AIMMAP a confiança que em mim depositaram para a assunção de tantos desafios que tive o privilégio de protagonizar.
A todos, pois, o meu sincero reconhecimento.
António Saraiva
Presidente da Direcção da AIMMAP"