sexta-feira, 27 de julho de 2012

Conceção do novo quadro comunitário de apoio

No editorial da edição n.º 200 da revista “TecnoMetal”, o presidente da direção da AIMMAP alertou para o facto de ser necessário que o governo se articule de forma efetiva com as organizações empresariais na preparação do quadro comunitário de apoio para o período de 2014 a 2020.

Tendo em conta a pertinência do tema, transcreve-se em seguida o referido editorial.


"A preparação do novo quadro comunitário de apoio

O governo português está atualmente a preparar o futuro quadro comunitário de apoio, para o período de 2014 a 2020.
Naturalmente, este assunto integra matéria de especial complexidade e melindre e que envolverá inevitavelmente, em determinados domínios, pelo menos nesta fase, alguma cautela na sua divulgação ao grande público.
Admito que haja inclusivamente determinados temas que terão de ser negociados pelo governo português junto da Comissão Europeia com uma dose acrescida de sigilo.
Essa eventual necessidade de sigilo não pode vir porém a traduzir-se em secretismo.
Como é evidente, o governo não sabe tudo sobre tudo. Pelo que é fundamental que tenha o cuidado de envolver um vasto conjunto de parceiros na conceção da estratégia que pretenderá implementar para que o país possa beneficiar dos fundos comunitários de uma forma eficaz e catalisadora da economia.
Não é sequer concebível que o governo de um país como Portugal tencione concentrar em si mesmo todas as responsabilidades e competências numa matéria como esta. E que, nomeadamente, ignore em tal domínio as empresas e as associações que as representam.
Sucede que, até ao momento, parece-nos que o governo não está a ouvir nem a consultar ninguém. E que está a avançar sozinho neste processo fundamental para o país.
Estamos certos de que o governo vai ainda ter oportunidade de escutar as mais diversas organizações empresariais na preparação do novo quadro de apoio. Mas não há dúvidas de que já irá tarde.
No passado, este tipo de posturas de anteriores governos em situações idênticas conduziram ao desaparecimento do setor das pescas, ao enfraquecimento da agricultura e ao desmantelamento de uma parte substancial da indústria.
Estamos atualmente a viver os efeitos dessas verdadeiras calamidades. Pelo que seria muito avisado que o atual governo português refletisse bem nos erros daqueles que o procederam na condução dos destinos do país.
Há matérias que, pela sua importância, não podem ficar apenas nas mãos dos políticos. Há mais gente a saber pensar e a projetar o futuro. E além disso, há quem conheça muito melhor o país em que vivemos.
Desperdiçar nesta matéria o contributo de quem poderá ter uma palavra útil a dizer, seria seguramente mais um erro histórico a acrescentar à sucessão de imprudências que se foram avolumando em quase 30 anos de integração europeia.
Não obstante o exposto, tenho de reconhecer – o que faço com gosto -, que há sinais positivos na ação governativa. E a notável entrevista que o Secretário de Estado Carlos Oliveira concedeu a esta edição da TecnoMetal, e que os nossos leitores têm pois a oportunidade de analisar, é seguramente um excelente exemplo para ilustrar essa minha afirmação.

O Presidente da Direção
Aníbal Campos
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