quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os supostos estímulos ao emprego

No editorial da edição n.º 206 da “TecnoMetal”, Aníbal Campos, presidente da direção da AIMMAP e também diretor da referida revista, denunciou a inutilidade prática de um conjunto de medidas que o governo português tem vindo a implementar, supostamente com o objetivo de promover a criação de postos de trabalho.
Conforme referiu, as verdadeiras medidas que estimulam o emprego são aquelas que contribuem para o crescimento da economia.
E sublinhou que, como é evidente, sem crescimento será sempre ilusório esperar que se criem novos empregos.
Atendendo à importância do assunto, transcreve-se nas linhas subsequentes o referido editorial.
 
"As medidas de apoio ao emprego
A comunicação social tem dado recentemente grande destaque ao facto de as medidas implementadas pelo governo no sentido de promoverem a criação de postos de trabalho não estarem a dar quaisquer frutos visíveis. E manifestou a sua surpresa pelo aparente falhanço.
Confesso que fico perplexo com a forma com que o assunto está a ser tratado. Na verdade, a única coisa que me surpreende é exatamente a reação de surpresa ao dito falhanço.
Naturalmente, nada tenho a opor a que sejam concebidas e levadas a efeito medidas específicas de estímulo à contratação de trabalhadores.
Mas como a experiência de décadas já evidenciou, se não houver ao mesmo tempo medidas de dinamização efetiva da economia, isso é mais ou menos como tentar tratar um cancro com aspirinas.
Não há nenhuma empresa responsável que decida contratar trabalhadores em troca de isenções no pagamento de contribuições à segurança social.
As empresas criam postos de trabalho quando têm o que dar a fazer aos novos trabalhadores.
Mas se não têm encomendas, o ambiente económico é desfavorável e os mercados a que se dirigem estão a definhar – como é o caso muito particular do mercado português -, é evidente que não se sentem minimamente estimuladas a fazer novas contratações.
As verdadeiras medidas de apoio ao emprego são aquelas que têm como objetivo o crescimento económico.
Apenas com a economia a crescer se poderá ter sequer a esperança de que sejam criados novos postos de trabalho.
Pelo que enquanto se insistir na austeridade e continuar a esquecer-se a promoção do crescimento não adianta esperar por milagres.
O chamado “Estímulo Jovem” e outras soluções similares, por si sós, poderão contribuir para a criação de algumas dezenas ou quanto muito centenas de novos empregos.
Mas esperar que tenham um contributo efetivo na redução das assustadoras taxas de desemprego com que o país se confronta é persistir numa ilusão absurda.
Estas supostas medidas de apoio ao emprego são pouco mais do que tentar tapar o sol com uma peneira. E serão quanto muito um mero exercício de marketing político que, para além do mais, já não é capaz de enganar ninguém.
Pelo contrário, a única coisa que gera é uma cada vez maior irritação.
O Presidente da Direção
Aníbal Campos"