quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Investir em contraciclo: mais uma “inovação” do setor metalúrgico e metalomecânico

Num contexto económico e político particularmente adverso, o setor metalúrgico e metalomecânico tem-se destacado por continuar a investir, mesmo em contraciclo.

Nunca é demais lembrar que este é o setor que mais investe em inovação, em PI ou formação profissional, mas também em equipamentos e instalações, sempre com o objetivo da competitividade e reforço das exportações.
É este esforço das empresas que o Presidente da AIMMAP assinala no seu editorial da TECNOMETAL que os convidamos a ler e refletir aqui.


"Investimentos em contraciclo

A AIMMAP tem uma relação muito próxima com as empresas suas associadas, fazendo questão de as acompanhar, apoiar e estimular no âmbito das mais variadas iniciativas pelas mesmas implementadas.
Nesse contexto, a nossa associação é testemunha privilegiada do enorme empenho com que uma parte significativa das empresas do setor metalúrgico e metalomecânico tem procurado investir na sua modernização e também na sua diferenciação face à concorrência.
As nossas empresas têm efetivamente desenvolvido um trabalho ímpar em tal domínio. Continuando a assumir-se como o setor que mais investe em fatores imateriais como a inovação, a propriedade industrial ou a formação profissional, a indústria metalúrgica e metalomecânica tem-se também destacado cada vez mais por investimentos assinaláveis em novos equipamentos ou mesmo em instalações.
Inclusivamente, a própria comunicação social tem reconhecido esta performance muito positiva do setor, chamando frequentemente a atenção dos portugueses para os investimentos realizados pelas nossas empresas.
Tais investimentos seriam sempre, em qualquer circunstância, dignos de referência muito positiva.
Mas o que os torna especialmente relevantes é o facto de estarem a ser realizados num momento em que a economia portuguesa atravessa evidentes dificuldades.
Verifica-se assim que esse esforço das nossas empresas é efetuado verdadeiramente em contraciclo, num contexto económico e político particularmente adverso.
Ao enfatizar tal circunstância não pretendo de forma alguma sugerir qualquer espécie de vitimização do setor ou de reclamar que a nossa indústria está a sacrificar-se pelo país.
Pelo contrário, quero, sim, chamar a atenção para o facto de, pelo menos na nossa opinião, as nossas empresas estarem no caminho certo.
Desde há muito que a AIMMAP tem vindo a defender que a aposta na diferenciação é a estratégia mais adequada para o sucesso da indústria portuguesa.
E desde há muito também que a AIMMAP tem vindo a assumir que a consolidação da economia portuguesa passará inevitavelmente por um forte crescimento das nossas exportações.
De igual modo, temos vindo a sustentar com inequívoca assertividade que as duas questões atrás referenciadas se encontram absolutamente articuladas, uma vez que a concretização de projetos vencedores no domínio da internacionalização apenas será possível através de estratégias de diferenciação aos mais variados níveis.
As nossas empresas têm corporizado de forma brilhante essa estratégia. Cada vez mais se distinguem e diferenciam face à concorrência global. Em consequência, afirmam-se de forma crescente nos mercados a que se dirigem.
Mas tudo isso apenas tem vindo a ser possível em resultado da prévia realização de investimentos verdadeiramente estratégicos. Sem inovação ou propriedade industrial dificilmente haverá diferenciação. Sem novos equipamentos com maior incorporação tecnológica dificilmente serão cumpridos os patamares de qualidade exigidos pelos clientes a que a nossa indústria se dirige. Sem formação profissional adequada dificilmente poderemos aproveitar as potencialidades dos equipamentos. E sem inovação, formação, equipamentos e boas instalações dificilmente poderemos corresponder com qualidade às expectativas de quem compra português.
Espero sinceramente que 2015 seja um ano de consolidação desta aposta inequívoca no investimento por parte das empresas do setor metalúrgico e metalomecânico. Aliás, estou cada vez mais convicto de que esse é um caminho sem retorno.
O Presidente da Direção
Aníbal Campos"